Acadêmicos de Administração Revelam Desafios no Ecossistema de Resíduos no Alto Vale do Itajaí

---

Uma pesquisa conduzida por acadêmicos da quinta fase do curso de Administração durante o semestre 1 de 2023, realizada por conta do projeto de extensão das disciplinas Logística e Cadeia Suprimentos conduzida pelo Prof. Jaciel Carlos Schmidt e Marketing III conduzida pelo Prof. Renato Laurentino, revelou insights preocupantes sobre o ecossistema de resíduos sólidos no Alto Vale do Itajaí. A região, composta por 28 municípios e aproximadamente 302 mil habitantes, apresentou números alarmantes relacionados à geração, gestão e destinação de resíduos.

De acordo com o estudo, somente no ano de 2020, o Alto Vale do Itajaí produziu mais de 44 toneladas de resíduos sólidos, enquanto o investimento total em sua gestão alcançou R$ 18.579.813,23. O valor apresentado representa um investimento médio per capita de R$ 61,36, índice que fica muito abaixo da média nacional que é de R$ 147,44 por habitante. A pesquisa destacou que o município de Presidente Nereu registrou o menor investimento per capita de apenas R$ 6,34 por habitante, enquanto Mirim Doce se destacou com um valor de R$ 86,90 por habitante.

A pesquisa também apontou a existência de uma cooperativa e duas associações de catadores na área, com suas dificuldades específicas. A Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis do Consórcio Intermunicipal Serra São Miguel Ibirama, a Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis de Ituporanga - Coopercicla e a Associação Recicla Rio do Sul têm desempenhado um papel fundamental na reciclagem de materiais, apesar dos desafios enfrentados.

A Associação Recicla Rio do Sul, por exemplo, enfrenta problemas de falta de informações e recursos insuficientes. A associação recebe materiais coletados por uma empresa terceirizada da região e, após a separação e classificação dos resíduos, feita pelos associados, busca maximizar o aproveitamento desses materiais visando à geração de renda. No entanto, de acordo com o estudo, a associação enfrenta dificuldades financeiras devido aos baixos preços de mercado dos materiais recicláveis e necessita de um maior suporte do setor público para impulsionar suas operações.

A coleta dos dados se deu com os gestores municipais e os secretários responsáveis pela temática, a partir de ligações e/ou visitas pessoais, onde os acadêmicos realizaram as entrevistas. Também fizeram um levantamento com a população do Alto Vale com o objetivo de identificar o comportamento dos munícipes em relação aos resíduos, bem como entender o que pensam à respeito da gestão do lixo por seus entes públicos.

Com relação aos resultados da pesquisa junto à população, os principais indícios apresentados indicam que a população, de um modo geral, gosta da forma como é gerido o sistema de coleta e destinação do lixo, porém, percebe-se também pouco envolvimento por parte da população, ou seja, há grande desinteresse no processo como um todo.

Quando indagados se sabiam qual o orçamento que a prefeitura do município onde reside destina à operação de coleta e destinação do lixo, a resposta foi quase unânime, ninguém sabia informar, ou mesmo, não apresentava interesse na informação.

Os acadêmicos envolvidos na pesquisa sugerem que melhorias significativas na infraestrutura, processos de gestão e suporte público são essenciais para impulsionar o ecossistema de resíduos sólidos no Alto Vale do Itajaí, promovendo não apenas a sustentabilidade ambiental, mas também o desenvolvimento econômico da região.

O estudo destaca a importância de uma abordagem mais estruturada e eficiente na gestão de resíduos sólidos, tanto em termos de responsabilidade ambiental quanto de oportunidades econômicas para os catadores e cooperativas envolvidos nesse processo crucial.

Unidavi, se for pra fazer que seja pra valer!