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Suicídio
28/09/2016
Por Debora Claudio
Simpósio quebra o tabu para falar sobre prevenção
ao suicídio
Evento aconteceu em Rio do Sul, com a participação
de cerca de 500 pessoas
Acabar com o silêncio sobre um assunto considerado
proibido na sociedade é a melhor maneira para iniciar a prevenção. E foi esse o
objetivo do 1º Simpósio de Prevenção ao Suicídio no Alto Vale do Itajaí,
realizado na noite de terça-feira, 27 de setembro, em Rio do Sul. Cerca de 500
pessoas, entre estudantes, profissionais da área de saúde, professores e
comunidade participaram do debate. O evento fez parte do Setembro Amarelo, mês
destinado à conscientização sobre a prevenção no Brasil, que está em 7º lugar
no mundo em ocorrências de mortes por suicídios.
A abertura oficial foi feita pelo psiquiatra,
Ermilo José Soar, que por muitos anos dedicou-se ao trabalho de prevenção do
suicídio no Alto Vale. Em seguida, o público assistiu apresentações de
profissionais que atuam em diferentes setores da saúde. A primeira exposição
foi com as voluntárias do Centro de Valorização da Vida (CVV) de Blumenau, Zita
Darugna e Naura Schreiber, que falaram da necessidade em perceber quem está ao
nosso lado para identificar possíveis crises suicidas. Elas explicaram como
surgiu o CVV e como é o trabalho da instituição em facilitar o desabafo de
forma sigilosa. Em breve Santa Catarina deverá ser contemplada com o número
188, para ligações gratuitas ao CVV, já que o estado é o segundo no ranking de
casos de suicídio no país.
DE CADA 10 CASOS DE SUICÍDIO, 09 PODEM SER
EVITADOS.
Em seguida o psiquiatra, José Eduardo Lobato
DAgostini, revelou estatísticas preocupantes. Em um grupo de 100 pessoas, 17
já pensaram em se matar, cinco já fizeram um planejamento, três tentaram, e uma
chegou a algum atendimento de pronto-socorro. Por isso a importância em
procurar ajuda o mais cedo possível, pois o suicídio afeta todos ao redor,
salientou.
O suicídio na infância e na adolescência foi
abordado pela psiquiatra, Mariana Celli. Estes casos são mais difíceis ainda
de entender e os pais precisam prestar atenção no comportamento dos filhos,
deixando de lado a vergonha, a culpa ou o medo da exposição, alertou. A médica
orientou como os profissionais da saúde devem agir nestes casos. Os idosos
também fazem parte dos grupos que precisam de maior atenção, segundo explicou o
psiquiatra, Bruno Reis Braga. A solidão na Terceira Idade é a maior causa de
depressão, que leva a pessoa a desistir da vida, esclareceu.
A CADA 40 SEGUNDOS UMA PESSOA COMETE SUICÍDIO NO
MUNDO.
Mesmo com tantos fatores de risco, existem formas
de proteção, e uma delas é o correto manejo dos pacientes, conforme detalhou a
psiquiatra, Carolina Schiefelbein. Em 50% das ocorrências a causa é a
depressão, que pode ser tratada caso seja feito um diagnóstico e o tratamento,
ressaltou. Também faz parte da proteção manter uma rede de atendimento, segundo
colocou o médico Luis Raphael Amazonas Ferreira. Essa rede começa nas Estratégias
de Saúde da Família, com o acolhimento inicial, e é completada pelos Centros de
Atendimento Psicossocial (CAPS), Ambulatório de Saúde Mental, SAMU, Unidades de
Pronto Atendimento (UPA) e Pronto Socorro, relatou o médico.
A CADA 45 MINUTOS UMA PESSOA COMETE SUICÍDIO NO
BRASIL.
A proteção pode ser feita ainda com apoio
psicológico, aliado à presença ativa dos familiares. É necessário tratar
também quem faz parte do círculo de convivência do paciente ou de quem cometeu
suicídio. O psicólogo precisa também trabalhar em parceria com outros
profissionais da saúde, orientou a psicóloga Cíntia Adam. Ela explicou como
está sendo desenvolvido o projeto de extensão Bem Viver, do curso de
Psicologia da Unidavi, em turmas do Ensino Médio, na região, para levar
informações e prevenir o suicídio.
Após as apresentações o público fez vários
questionamentos. As doações coletadas como inscrição totalizaram cerca de 210
quilos de alimentos não perecíveis e 21 pacotes de fraldas geriátricas, que
foram entregues para a Conferência São Vicente de Paulo, de Rio do Sul. O 1º
Simpósio de Prevenção ao Suicídio no Alto Vale foi realizado por um grupo de
voluntários que está implantando o CVV Rio do Sul, com apoio do CAPS, Hospital
Samária, SESI, Unidavi e Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP).