| Objetivo
Proporcionar uma visão aprofundada dos fundamentos, estrutura, estratégias e técnicas das principais abordagens em terapia cognitivo comportamental, para permitir que o futuro profissional terapeuta cognitivo possa diagnosticar, conceitualizar e planejar intervenções psicoterápicas eficazes com crianças, adolescentes, adultos e casais.
| Público Alvo
Psicólogos, psiquiatras e residentes, estudantes de psicologia ou estudantes de especialização em psiquiatria.
| Justificativa
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2019, quase um bilhão de pessoas, incluindo 14% dos adolescentes do mundo, viviam com um transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade. Além disso os transtornos mentais são considerados a principal causa de incapacidade, causando um em cada seis anos vividos com incapacidade. Destacam também que pessoas com condições graves de saúde mental morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis. A depressão e a ansiedade, transtornos já altamente prevalentes na população geral, aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia da COVID 19. No geral, a carga dos transtornos mentais continua crescendo, com impactos significativos sobre a saúde e as principais consequências sociais, de direitos humanos e econômicas em todos os países do mundo. Nesse sentido, o acesso aos cuidados de saúde e aos serviços sociais capazes de proporcionar tratamento e apoio social é fundamental, porém os sistemas de saúde ainda não responderam adequadamente à carga dos transtornos mentais. Como consequência, a distância entre a necessidade de tratamento e sua oferta é ampla em todo o mundo. Ainda de acordo dados da OMS, em países de baixa e média renda, entre 76% e 85% das pessoas com transtornos mentais não recebem tratamento. Em países de alta renda, entre 35% e 50% das pessoas com transtornos mentais estão na mesma situação. Frente a crescente demanda por tratamento especializado, se faz fundamental a ampliação da oferta de tratamentos eficazes para os transtornos mentais através de profissionais qualificados, destacando-se então o papel fundamental das instituições de ensino superior para suprir essa demanda de formação na área de saúde mental. Entende-se que os transtornos mentais são caracterizados por uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais, por isso o tratamento precisa ser multidisciplinar. E, neste contexto destaca-se a importância da psicoterapia, principalmente as abordagens baseadas em evidências, como é caso das terapias cognitivo comportamentais. A terapia cognitivo comportamental, é considerada na atualidade a abordagem psicológica com o maior número de pesquisas empíricas validando seus resultados. Inclusive, estudos sobre alterações neurobiológicas têm mostrado que a terapia cognitivo comportamental está associada com diminuição da atividade na região subcortical, associadas à disfunções emocionais, e também ao aumento da ativação nas regiões corticais frontais, associadas ao processamento racional das informações, do julgamento, da tomada de decisão, entre outras funções cognitivas. E, essas alterações estão relacionadas à utilização da reestruturação cognitiva. Além disso, a partir de estudos utilizando técnicas de neuroimagem funcional foi possível detectar mudanças no funcionamento de estruturas neurais associadas à intervenção psicológica. Essa descoberta evidenciou que as intervenções de ordem psicológica, cognitivas, emocionais e comportamentais, têm o potencial de modificar as redes de conexões sinápticas no cérebro, ou seja, produzir alterações no padrão de comunicação sináptica. E, com isso vemos que o status de deter um correlato neural associado a intervenções psicológicas, traz prestígio científico para as abordagens psicológicas baseadas em evidências, como é o caso das terapias cognitivo comportamentais. Frente a isso, a demanda pela terapia cognitivo-comportamental tem crescido em proporção maior que a quantidade de psicólogos formados na abordagem. Calcula-se que, em futuro próximo, haverá falta de profissionais para atender as necessidades da população em termos de psicoterapia cognitivo-comportamental. Esta é uma tendência que se verifica em todas as partes do mundo, atualmente, sendo de extrema importância essa formação para a região do Alto Vale do Itajaí.
| Perfil do Formando
No final do curso o profissional deverá: 1. Compreender os fundamentos teóricos e práticos das terapias cognitivo comportamentais e das principais terapias contextuais; 2. Conhecer e saber aplicar as principais técnicas cognitivas, comportamentais, emocionais e vivenciadas, utilizadas no processo psicoterapêutico; 3. Saber estruturar a sessão terapêutica, diagnosticar, conceitualizar e planejar intervenções psicoterápicas eficazes com crianças, adolescentes, adultos e casais; 4. Formular casos clínicos em termos cognitivos com base em uma avaliação inicial e na obtenção de informações nas sessões, e integrar sua conceituação com seu conhecimento de técnicas; 5. Compreender a aplicação de técnicas e estratégias cognitivas nas diferentes psicopatologias, conflitos e condições geradoras do sofrimento humano, e em diferentes contextos sociais; 6. Entender o fluxo da terapia e desenvolver a capacidade de identificar as metas críticas da terapia; 7. Dominar os princípios éticos da relação terapêutica; 8. Demonstrar habilidade na prática do questionamento socrático e psicoeducação.