A PANDEMIA COVID- 19 E O RASTREIO DO CÂNCER DE COLO UTERINO
Trabalho de Conclusão de Curso
O exame citopatológico tem por finalidade o rastreio para câncer no colo uterino. Está indicado para todas as mulheres com idade entre 25 e 64 anos. Deve ser realizado, no mínimo, a cada três anos, mediante resultado negativo em dois exames consecutivos. Durante o período pandêmico em que foi vivenciado a COVID-19, ocorreram mudanças no atendimento da Atenção Primária de Saúde e consequentemente, a redução na oferta de serviços de promoção da saúde, dentre eles a coleta do exame citopatológico. Este estudo tem por objetivo geral analisar os impactos da pandemia COVID-19 no rastreio do câncer de colo uterino em usuárias vinculadas a uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) de um município no Alto Vale do Itajaí. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, longitudinal e retrospectiva. Os dados foram coletados em sistemas oficiais do ministério da saúde, prontuário eletrônico de saúde do município e livro de registros das coletas de exame citopatológico. Utilizou-se para a coleta um roteiro, elaborado pela autora, a partir dos dados que compõem a requisição de exame citopatológico do colo do útero do programa nacional de controle do câncer do colo do uterino. Os dados foram analisados descritivamente, a partir da apuração de frequências simples, tanto em números absolutos quanto em percentuais e discutidos à luz da Teoria do Cuidado Transcultural. Foram encontrados registros de 225 coletas ao longo do período de 2019 a 2022. Verificou-se diminuição do número de coletas nos anos de 2020 e 2021, quando se registrou maiores restrições ao acesso nos serviços de saúde por conta da pandemia COVID-19. Constatou-se que as mulheres na faixa etária entre 56 e 60 anos são as que mais procuram pelo exame citopatológico (16,89%). Em 2019 50,00% das mulheres retornaram para realização de exame citopatológico com intervalo de um ano, enquanto que, em 2022 43,24% das coletas aconteceram num intervalo de três anos. Independente do intervalo entre coletas, ao exame especular, 44,88% das mulheres apresentaram colo normal e, no exame microscópico, os achados registram a identificação de epitélio escamoso, glandular presente em mais de 60% dos resultados, em todos anos no período de 2019 a 2022. Os resultados negativos para alterações no colo uterino correspondem a 96% do total de coletas realizadas no período em questão. Conclui-se que a Pandemia COVID-19 restringiu o acesso das mulheres aos serviços de saúde para ações de prevenção como a coleta de material para o exame citopatológico. As mulheres realizaram coletas de exame com intervalo igual ou superior a 3 anos, contudo, a avaliação do colo uterino estava normal para a maioria delas e o resultado do exame citopatológico foi configurado negativo em 96% das coletas. Confirma-se a indicação epidemiológica sugerida pelo INCA para coletas com intervalos de 3 anos quando a mulher apresentar 2 exames consecutivos negativos. Evidencia-se que a pandemia COVID-19, a curto prazo, não interferiu nos resultados dos exames realizados pós pandemia. Considera-se que os enfermeiros devem nortear a assistência de enfermagem considerando as mulheres na sua integralidade, respeitando-se valores culturais