Artigo

Introdução: O edema agudo de pulmão por pressão negativa (EPPN) é uma complicação potencialmente fatal. Surge após obstrução das vias aéreas superiores. Tem uma baixa incidência, variando de 0,05 a 1%, entretanto, pode alcançar taxas de mortalidade de até 40%. O objetivo deste estudo é relatar três casos clínicos de EPPN no período perioperatório. Relato dos casos: Trata-se de 3 pacientes jovens, com idade entre 20 e 22 anos, ASA I ou II. Em todos os relatos o EPPN foi do tipo I, sendo dois casos ocasionados por laringoespasmo após extubação e um por causa não usual, queda posterior da língua. Dois pacientes apresentaram manifestações clínicas da patologia ainda na sala cirúrgica e um na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). Todos apresentaram sinais de obstrução de via aérea com esforço respiratório e dessaturação. Sinais de congestão pulmonar foram evidenciados na radiografia de tórax dos pacientes, corroborando o diagnóstico. Um paciente foi tratado por terapia única com diurético, sendo os outros dois associados a corticosteróide e/ou broncodilatador. Todos os três pacientes apresentaram boa evolução clínica e recuperação completa. Discussão: EPPN é uma emergência médica reconhecida pelo aumento do gradiente de pressão negativa intratorácica e transudação anormal de fluidos ao compartimento intersticial e alveolar. Na incapacidade de reconhecimento e manejo precoce o resultado é insuficiência ventilatória, hipoxemia grave e óbito. Nos casos relatados os pacientes eram jovens, com boa força muscular e ventilatória, sendo o biotipo mais propenso a desenvolver o EPPN. O diagnóstico em todos os casos se baseou na clínica característica de obstrução da via aérea associada a radiografia de tórax. O manejo terapêutico com ventilação manual com pressão positiva e O2 a 100% associado a diurético foi utilizado para todos os pacientes com bom efeito. Conclusão: O EPPN é uma complicação rara, mas potencialmente fatal. A identificação correta e manejo precoces são fatores modificadores da morbimortalidade. Atenção especial deve ser dada a pacientes jovens, ASA I e II, uma vez que esse grupo apresenta maior predisposição ao desenvolvimento do EPPN. A terapia medicamentosa com diuréticos parecem ser o melhor método de tratamento desses pacientes, sendo as demais medicações avaliadas caso a caso. Para caracterização e identificação clínica compatível com insuficiência respiratória aguda, a equipe constitui um pilar fundamental ao reconhecimento do cenário como potencialmente catastrófico e instalação rápida do manejo, e para isto é essencial fomentar novos estudos a fim de descrever protocolos de atendimento com impacto positivo na morbimortalidade.