Apoiadas para gerar: um estudo sobre mulheres que vivenciaram a maternidade desamparada
Trabalho de Conclusão de Curso
Ninguém nasce pronto, o ser humano vai se constituindo pessoa ao longo da vida, através das experiências vivenciadas. Por isso, amparo, apoio e acolhimento são atitudes essenciais para a pessoa humana, desde os primeiros momentos da vida, e até mesmo, antes do nascimento. Nesse sentido, o objetivo central da presente pesquisa é investigar o papel do acolhimento institucional em mulheres que não receberam amparo familiar após engravidarem. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, descritiva, qualitativa e fenomenológica, em que os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada. O público pesquisado foi de mulheres que foram acolhidas em uma instituição de acolhimento para gestantes desamparadas pela família. Foram realizadas sete entrevistas e analisadas de acordo com o método fenomenológico. Cada tema foi categorizado respondendo os objetivos do trabalho. Foi possível perceber que, para as participantes da pesquisa, o desamparo teve origem no abandono ou afastamento por parte do companheiro, da família, da própria pátria e, por conseguinte, da sociedade. O desamparo gerou nas participantes, antes do acolhimento institucional, fortes emoções de tristeza, desapontamento e desespero, emoções essas que não permaneceram após o acolhimento institucional. As maiores necessidades enfrentadas antes do acolhimento institucional foram a falta de apoio familiar, dificuldades financeiras, baixa renda, expulsão da casa, desemprego e falta de acompanhamento psicológico. A busca ou a aceitação de acolhimento institucional foi a medida de enfrentamento adotada pelas participantes para superar o desamparo. O acolhimento institucional foi capaz de exercer, na vida de cada uma das participantes, o papel de ajuda, acolhimento, apoio e aprendizado que são próprios de uma família, fornecendo assim a segurança para que essas mulheres permaneçam com seus filhos. Como desdobramento, o acolhimento institucional proporcionou para as participantes melhora e segurança na vida financeira através dos trabalhos e cursos conseguidos, melhora na qualidade de vida, além de apoio social, psicológico e espiritual que perdura após a saída da casa de acolhimento. Os resultados desta pesquisa confirmam a hipótese de que a maternidade desamparada pode ser superada através de uma rede de apoio capaz de promover acolhimento e conscientização. Que o presente trabalho ajude aqueles que o lerem e o estudarem a tomar consciência da responsabilidade social que temos diante do fenômeno da maternidade desamparada e possa fomentar iniciativas integradas e integradoras de enfrentamento para essa situação.