Trabalho de Conclusão de Curso

O Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio do desenvolvimento que acarreta em graus diferentes de déficits na comunicação, interação social e comportamento, além de englobar a inflexibilidade a rotinas, interesse restrito e hiper ou hipo reatividade a estímulos. Desta forma, o transtorno gera mudanças diretas na dinâmica familiar por requerer tratamento com profissionais de diversas áreas de atuação, reorganização dos membros e da renda familiar, busca por informação e direitos, além da dedicação aos cuidados à pessoa. Tais condições podem trazer consequências à qualidade de vida de todos os envolvidos, alertando para a necessidade de uma rede de apoio, assistência em saúde mental individual ou familiar nesse sentido, bem como do conhecimento e busca por seguridade social e direitos da pessoa com TEA e seus familiares. Considerando-se isso, o referido trabalho realizado no Alto Vale do Itajaí considerou como seu objetivo geral compreender as vivências cotidianas de famílias com crianças com o transtorno na região do Alto Vale do Itajaí. Por objetivos específicos buscou-se identificar como ocorriam as experiências da família no período anterior ao diagnóstico de TEA, conhecer as principais mudanças na vida familiar após o diagnóstico, apurar qual o conhecimento dos membros sobre a legislação vigente para o transtorno, bem como elucidar o papel da psicologia junto à pessoa com o Transtorno do Espectro Autista e sua família. Assim, o trabalho partiu de referencial teórico para o desenvolvimento dos principais tópicos, tendo a pesquisa de campo, por sua vez, sido feita na modalidade exploratória e descritiva com viés qualitativo através de entrevistas semiestruturadas realizadas no NEAP (Núcleo de Estudos Avançados em Psicologia) com familiares da pessoa com TEA que se dispuseram a participar. A análise e discussão dos dados foi produzida através dos núcleos de significação de Aguiar e Ozella (2006) e foi possível acessar que a rotina das famílias é permeada de dificuldades e adaptações desde o diagnóstico, inserção dos tratamentos na rotina, busca ou falta de profissionais e práticas divergentes entre eles, por exemplo. Também foi destacado o escasso ou nulo apoio financeiro, informativo e estrutural disponível aos membros desde o período anterior ao diagnóstico, o que interfere diretamente no desenvolvimento da criança com TEA considerando a identificação do transtorno e intervenção precoce como mais adequadas. Além disso, foi suscitado o preconceito social vivido, o receio das mães quanto ao futuro dos filhos e as relações conflituosas ou de baixo suporte como fatores de influência direta na qualidade de vida dos membros da família, com ênfase nas mães que, de acordo com o aporte bibliográfico e o encontrado na pesquisa, são as cuidadoras principais. Por fim, é ressaltada a relevância deste e outros estudos para a sociedade por trazer à tona as vivências de famílias com pessoas com TEA e seus desafios, tendo a Psicologia, enquanto ciência e profissão, um compromisso nesse sentido, podendo colaborar em estratégias para aumento da seguridade social, acesso à informação e participação das redes de apoio formais e informais de qualidade a essas famílias, atuando em sua qualidade de vida e desenvolvimento da criança.