AUTISMO EM DADOS: O BRASIL QUE O CENSO VIU PELA PRIMEIRA VEZ
Trabalho de Conclusão de Curso
Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits na comunicação, socialização e comportamento. O aumento dos diagnósticos tem impulsionado a criação de políticas públicas voltadas à inclusão e à garantia de direitos. Em 2022, o Brasil passou a incluir informações sobre pessoas com TEA no censo demográfico, o que possibilitou um panorama nacional dessa população. Objetivo: Caracterizar o perfil da população brasileira com diagnóstico de TEA, incluindo a distribuição geográfica, considerando sexo, raça/cor, faixa etária e escolaridade. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, quantitativo, descritivo e transversal, baseado em dados públicos do Censo Demográfico de 2022, disponíveis na base SIDRA/IBGE. Os dados foram organizados no software Excel, e as variáveis foram analisadas em termos de valores absolutos e porcentagens em relação à distribuição geográfica. Resultados: Em 2022, o Brasil registrou mais de dois milhões de pessoas diagnosticadas com TEA, com maior prevalência (50%) na região Sudeste. O sexo masculino foi predominante em todas as regiões. Quanto à raça/cor, houve maior autodeclaração entre pessoas brancas e pardas. Em relação à escolarização, a maior taxa de acesso é observada na região Norte (30,3%) e a faixa etária de 6 a 14 anos apresentou maior acesso escolar em comparação com outras faixas etárias. Conclusão: O estudo apresentou a maior concentração de pessoas com TEA na região Sudeste, que se relaciona à densidade populacional e à maior disponibilidade de serviços especializados, evidenciando desigualdades regionais. Observou-se predominância do sexo masculino, possivelmente em razão do "efeito protetor feminino", que pode levar à subnotificação entre mulheres. A distribuição racial reflete a demografia regional, sem diferenças biológicas associadas ao TEA, mas com influências sociais e de acesso ao diagnóstico. Os diagnósticos são mais comuns entre jovens, indicando avanços na detecção precoce, mas a subnotificação entre adultos destaca a necessidade de políticas voltadas ao acompanhamento e inclusão ao longo da vida. No campo educacional, embora as matrículas estejam de acordo com as políticas de inclusão, persistem barreiras, como a falta de formação profissional e as desigualdades socioeconômicas, que comprometem a permanência dos alunos com TEA.