Trabalho de Conclusão de Curso

As doenças respiratórias agudas configuram-se entre as principais causas de morbimortalidade infantil no Brasil, especialmente em crianças menores de cinco anos. Agravos como bronquiolite, pneumonia e asma apresentam elevado impacto clínico e social, exigindo respostas oportunas e integradas dos serviços de saúde. Essa realidade evidencia a vulnerabilidade da primeira infância, período marcado pela imaturidade imunológica e pela influência de fatores socioeconômicos, ambientais e culturais que ampliam o risco de adoecimento. Nesse contexto, a enfermagem assume papel essencial na Atenção Primária à Saúde, atuando na educação em saúde, vigilância e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, fortalecendo vínculos com as famílias e contribuindo para o reconhecimento precoce de agravos respiratórios. Este estudo teve como objetivo analisar os determinantes que interferem no itinerário terapêutico de crianças menores de cinco anos com complicações respiratórias até a internação hospitalar. Trata-se de uma pesquisa de campo, descritivo-exploratória, de abordagem qualitativa, realizada com pais e/ou responsáveis por crianças hospitalizadas em um município do Alto Vale do Itajaí (SC). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, analisadas segundo a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2016) e interpretadas à luz do Modelo de Sistemas de Betty Neuman. Os resultados revelaram quatro categorias principais: Percurso assistencial das famílias na busca por cuidado; Percepção dos pais sobre sinais de gravidade; Barreiras no acesso aos serviços de saúde; Papel da equipe de saúde, especialmente da enfermagem na atenção primária em saúde. Constatou-se que o itinerário terapêutico é permeado por práticas empíricas, reconhecimento tardio dos sinais de agravamento e fragmentação do cuidado, agravados por limitações estruturais e socioeconômicas. Conclui-se que o fortalecimento da atenção primária, a qualificação das equipes e a integração entre os níveis de atenção são fundamentais para a continuidade e integralidade do cuidado infantil. O estudo contribui para a reflexão sobre o papel estratégico da enfermagem na coordenação do cuidado e na efetivação das políticas públicas de saúde da criança.