Trabalho de Conclusão de Curso

Muitos indivíduos se lançam para fora de sua relação monogâmica, buscando em outros sujeitos outras experiências afetivo-sexuais. Considerando a fluidez e liquidez da modernidade atual, as redes relacionais são ampliadas com certa facilidade, proporcionando ao sujeito diversas possibilidades de estabelecimento de relações. Diante da busca de satisfação individual, há o risco de uma quebra de contrato e, quando tal rompimento acontece, certos indivíduos significam a mesma como uma forma de infidelidade, não se limitando somente a relações sexuais, mas também a infidelidade financeira, infidelidade virtual, infidelidade permeada pelas questões familiares e a infidelidade ligada ao trabalho. Com o enfoque no fenômeno da infidelidade, este estudo buscou investigar de que forma o mesmo impacta na vicissitude da mulher heterossexual, somados a todos os atravessamentos sociais que permeiam a sua vivência, estruturalmente enraizados e constantemente enfrentados. Com o intuito de atingir esses objetivos, foram feitas entrevistas semiestruturadas com mulheres heterossexuais, com 18 anos ou mais, que tenham passado pela experiência de infidelidade. Os dados foram analisados, resultando em dois núcleos de significação, sendo o primeiro dividido em três subnúcleos (as concepções de infidelidade; o homem que trai; a mulher que trai), e o segundo em dois subnúcleos (as dores; as superações) fazendo dessa pesquisa um estudo de modalidade qualitativo, descritivo-exploratório e de campo. Conclui-se, com essa pesquisa, que as mulheres traídas se sentiram inseguras, desconfiadas, desamparadas, com medo, tiveram grandes impactos na autoestima e acreditavam serem as culpadas pela infidelidade ter acontecido. Entretanto, algumas conseguiram ressignificar a experiência traumática, entendendo que não aceitariam mais tal ato dentro da relação, desenvolvendo uma autovalorização e estipulando novos limites, desprendendo-se da responsabilidade do ato infiel. Responsabilidade essa, atrelada a mulher traída, que ainda enfrenta preconceitos como machismo e sexismo, diante da diferença no julgamento da mulher que trai e do homem que trai, reflexos das normas estipuladas por uma sociedade patriarcal e reforçadas por algumas instituições religiosas. Considerando tais resultados, estima-se que haja um desenvolvimento da psicologia enquanto ciência e profissão, agregando conhecimentos para o manejo de demandas que envolvam infidelidade, independente do seu contexto, além de fomentar novas pesquisas na área, para elucidar esse campo complexo das formas de se relacionar, permeadas pela infidelidade.