Trabalho de Conclusão de Curso

A Organização Mundial da Saúde estima que a cada ano, cerca de 8 milhões de crianças nascem com anomalias congênitas, sendo responsáveis por 10% das mortes neonatais. Nesse contexto, os cuidados paliativos perinatais se destacam como uma abordagem essencial para o suporte a gestantes e neonatos com diagnósticos desfavoráveis, frequentemente incompatíveis com a continuidade da vida (WHO, 2024). No âmbito da obstetrícia e neonatologia, muitos desses casos são recebidos de forma inesperada, exigindo que os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, estejam adequadamente preparados para prestar assistência qualificada diante de situações tão desafiadoras e emocionalmente complexas. Este estudo qualitativo, de abordagem exploratório-descritiva, teve como objetivo investigar o conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre os princípios e práticas do paliativismo perinatal. A pesquisa foi conduzida por meio de entrevistas semiestruturadas, elaboradas pela pesquisadora para abordar questões pertinentes ao tema. As entrevistas foram gravadas após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e a análise dos dados seguiu as etapas de análise de conteúdo propostas por Bardin, envolvendo a codificação, categorização e interpretação das respostas. A interpretação dos dados foi complementada pela revisão da literatura atual, tendo como base a teoria Humanística de Enfermagem de Josephine Paterson e Loretta Zderad, que enfatiza a importância do cuidado centrado na pessoa, a escuta ativa e a relação interpessoal no contexto da enfermagem. A partir da análise, foram discutidos os resultados obtidos, destacando as lacunas no conhecimento e na preparação dos enfermeiros para o cuidado paliativo perinatal. Os resultados apontaram que os enfermeiros reconhecem a importância das práticas de humanização no cuidado perinatal, no entanto, existem lacunas significativas na formação dos profissionais, especialmente no que se refere ao cuidado paliativo perinatal e à comunicação de más notícias. A falta de treinamentos específicos e capacitação contínua resulta em insegurança e sobrecarga emocional, impactando a qualidade do atendimento. Para melhorar o cuidado, é essencial oferecer treinamentos focados nas necessidades emocionais e práticas do ambiente perinatal, integrar os cuidados paliativos na graduação, e criar protocolos para o manejo do sofrimento e acompanhamento do luto. A criação de comissões multiprofissionais especializadas em cuidados paliativos perinatais nas instituições de saúde pode garantir um atendimento humanizado, integrando os cuidados ao recém-nascido, à mãe e à família