ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO DE PACIENTES HIPERTENSOS NA APS: Uma Ferramenta para a Prevenção de Agravos Cardiovasculares
Trabalho de Conclusão de Curso
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um grande problema de saúde pública, capaz de provocar sérias complicações sistêmicas, sendo o principal fator de risco para eventos cardiovasculares e mortes em geral. A Atenção Primária em Saúde (APS) desempenha um papel fundamental ao oferecer acompanhamento contínuo e personalizado, essencial para o cuidado integral e longitudinal dos pacientes hipertensos. Considera-se que muitos pacientes com diagnóstico de HAS desconhecem os riscos associados à essa condição, especialmente sua relação direta com a ocorrência de agravos cardiovasculares, e tão pouco possuem apoio da equipe de saúde para prevenção da HAS. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo geral analisar o risco cardiovascular de pacientes com diagnóstico de HAS cadastrados em uma microárea de abrangência de uma determinada Unidade Básica de Saúde (UBS) de um município do Alto Vale do Itajaí. Trata-se de uma pesquisa quantitativa de natureza descritiva, onde o público-alvo são pacientes com diagnóstico de HAS na faixa etária entre 40 e 75 anos. Os dados foram coletados através de visitas domiciliares pré-agendadas, com a aplicação de um questionário eletrônico, elaborado pela autora, contendo questões referentes à calculadora de Hearts, bem como outras questões referentes à temática. Os dados foram registrados e armazenados automaticamente em uma planilha do Excel. Para análise dos dados utilizou-se o software IBM SPSS Statistics 22, com aplicação do Teste Quiquadrado para a associação de variáveis (p < 0,05), seguindo com análise descritiva das variáveis categóricas e numéricas. Os resultados também foram discutidos com base na Teoria do Alcance de Metas, sendo apresentados em 4 categorias. Os resultados mostram um predomínio de hipertensos do gênero feminino (66,7%), na faixa etária de 60 a 75 anos de idade (61,7%), e nível de escolaridade com ensino fundamental incompleto (51,7%). Entre os participantes, identificou-se que o risco cardiovascular é maior em mulheres diabéticas (p <0,001), com excesso de peso (p = 0,049) e histórico de DCV (p = 0,036), e em homens diabéticos (p = 0,038) e com idade acima de 60 anos (p = 0,025). A estratificação de risco cardiovascular através da calculadora de Hearts, revelou que a maioria dos sujeitos (43%) possui risco moderado para o desenvolvimento de DCV. Quanto aos atendimentos em saúde ofertados na APS, foram identificadas lacunas nas orientações sobre os riscos da HAS (reportados por 50% dos entrevistados) e na promoção de estilos de vida saudáveis (reportados por 35% dos entrevistados). Além disso, 66,7% dos entrevistados referiram não ter recebido nenhuma orientação sobre a frequência e o intervalo de tempo para retorno em consultas de acompanhamento. Conclui-se, que este estudo permitiu identificar o perfil, os fatores de risco e a classificação do risco associados à população com HAS cadastrada na microárea em questão, fornecendo assim subsídios para o aprimoramento dos atendimentos, tanto de forma individual quanto de forma coletiva. Os resultados poderão servir de base para a qualificação das práticas assistenciais, visando a gestão de agravos e a redução das taxas de morbimortalidade associadas à HAS.